quarta-feira, julho 06, 2005

Câmara irrelevante

A discussão não é nova, como nenhuma delas é. Mas observado o custo-benefício dos legislativos municipais brasileiros, não seria melhor acabar com a figura do vereador?

Sim, porque, com o trabalho legislativo profundo ignorado por absoluta inépcia de nossos eleitos, temos uma câmara irrelevante. Os assuntos que ali tramitam não necessitam do caro aparato legislativo para serem discutidos a sério e implementados. E falar em fiscalização do Executivo, aqui, é piada de mau-gosto.

Um conselho legítimo, autônomo, comunitário e bem planejado, que não tivesse a possibilidade de tornar-se trampolim eleitoral, daria conta do recado com muito menos bazófia.

E, mesmo, repare: no bojo das secretarias municipais há autonomia (pelo menos burocrática) para lidar com quase que sua totalidade.

Temos por hábito acreditar na existência de nossas instituições públicas orientados por critérios como a tradição. Somos crédulos, um povo que diz amém e assina cheques em branco. Passada a euforia das eleições, a poeira volta a baixar e o que era promessa de mudança, bem, aí está. Como na maioria dos municípios brasileiros, continuamos com um Legislativo fictício.

Se a reforma política é colocada em pauta agora de forma abrupta, em cidades como Sabará é mister discutir a promiscuidade (legalmente e moralmente endossada) na constituição tanto do Executivo quanto do Legislativo.

Roberto Jeferson lembrou ontem no Jô da época em que recebia mesada de seu pai. "Se chegasse depois do horário marcado, não poderia sair para dançar no dia seguinte", afirmou. O Congresso não dança no ritmo desejado quando bancado por mesadas. Nossa prefeitura e nossa câmara, seguindo esse raciocínio, têm que seguir o ritmo imposto por quem os tornou poder. Dizendo claramente: enquanto forem feitos acordos como os que elegeram Sérgio Freitas e a maioria dos vereadores, não teremos governos legítimos. É o conchavo no poder, não se esqueça nunca disso.

Um leitor que emite sua opinião aqui no blog tem mais respaldo que um vereador. E não recebe um tostão por preocupar-se com sua cidade.

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