quinta-feira, junho 30, 2011

De Bois e Boiadas: Em porteira fechada não entra mosquito (mas o odor do pasto, esse passa até por gretas)

Acabamos de tropeçar (ou seria trupicar?) num texto de anteontem que concorre ao prêmio "Velho Esquema Novo", lá no blog Tecendo Prosa, do companheiro Lucas.

Aqui no Sabarando, 95% dos editores acreditam que sim, ainda vale quanto pesa. Só discorda deles o editor chefe (5%), que é um aporrinhador que gosta de ser minoria e provoca: "A vida pode ser de gado, mas mesmo sendo marcado, o povo é feliz, e, ora, nem sente a ferrugem lhe comer!".


De quaisquer modos, sentimo-nos felizes, tranqüilhos até, republicando sem pedir licença o arroubo de lúcidez do AP Silva de então. Mesmo porque o mesmo, por motivos pecuários, pode desaparecer desta minúscula e frágil blogsphera da Villa:

"segunda-feira, 27 de julho de 2009


Festival de Sabará: mais do mesmo.

Depois de alguns dias de festa, mais um Festival de Sabará chega ao final e, infelizmente, o “pessoal que toca a boiada” ainda parece não ter entendido bem o que é um festival cultural. Com uma programação vazia e concluída nos acréscimos do segundo tempo, o festival deixou muito a desejar. Diga-se de passagem que algumas melhoras ocorreram, como a extensão dos dias de barraquinhas, a segurança e a parceria para a realização do escambo. Porém, num balanço geral, o saldo fica no vermelho.

As expressões artísticas e culturais mais uma vez ficaram restritras aos shows, a uma meia dúzia de apresentações no teatro e intervenções em alguns bairros. As peças teatrais podem ser contadas numa única mão, o que é muito pouco para uma cidade que tem logo ao seu lado uma capital com dezenas de cia de teatro doida para se apresentarem. O mesmo serve para as oficinas oferecidas, além de serem poucas, elas deram a impressão de terem sido colocadas somente para completar a programação.

Tirando o domingo do encontro de bandas, durante o período da manhã e da tarde não havia nenhuma atividade interessante na cidade. E, como se não bastasse, os shows sempre eram mais do mesmo. Não entendo o porque de não oferecerem para a população outras opções musicais. Orquestra e MPB não carecem de serem apresentadas exclusivamente em teatro. E mais, porque não um samba de raiz, uma moda de viola e música negra?

Mostras de cinema, exposições artísticas, dança e ciclo de debates? Será que não caberia ao menos uma destas num festival de cultura de uma cidade histórica como Sabará?... E, como pouco se crê que o “pessoal que toca a boiada” leia algo, literatura no festival é coisa de outro mundo - pensando bem é exigir demais, devem achar piada literatura ser cultura. :)



Ah, e para a turma do “tá td mto bom, tá td mto bem, obrigado!”, isto não é pedir demais. É querer aproximar Sabará pelo menos um pouco da realidade das demais cidades históricas - só para dar aquele aperto no peito, experimentem conhecer o site dos festivais em Ouro Preto, Mariana e Diamantina, e vejam onde as coisas são levadas a sério. Nem se dicute, mas passou da hora de trocar o nome secretaria de cultura para secretaria de eventos amadores.

Bom, enquanto isto vamos contando com a “boa vontade” da natura né. Afinal, quinta (31/07) tem UAKTI no teatro.

quarta-feira, junho 29, 2011

"VOCÊ tem um dever a cumprir!" inspira "Marcha Sabará 2.0 - 100 Mil pelo Futuro!"

"PRESS - RELEASE / DIVULGAÇÃO IMEDIATA (Versão 348.Mídias Alternativas e Lideranças)

O lendário cartaz vai servir de inspiração para a "Marcha Sabará 2.0 - 100 Mil pelo Futuro!". A imagética e textos fortes serão a base para a criação da identidade visual do movimento que vai tomar as ruas de Sabará e vai mandar uma mensagem clara de mudança que, pela sua força e lucidez, vão ressoar em todo o país, esperam os organizadores.

Idealizada por atores sócio-políticos do município contrários a política-partidária nociva local, a "Marcha Sabará 2.0 - 100 Mil pelo Futuro" inspira-se nas multidões que têm tomado as avenidas brasileiras recentemente escancarando temas que não podem mais ser deixados de lado numa democracia madura.

"Vamos estabelecer de uma vez por todas que uma nova política, uma política de espírito público, não político-partidário, é necessária de modo urgente em Sabará", adianta um dos articuladores da marcha, preferindo identificar-se apenas como FF. "A profunda diferença de ideias novas, novos atores, causará impacto real e irreversível nas dinâmicas públicas da cidade."

Em estágio de organização estratégica, a "Marcha Sabará 2.0 - 100 Mil pelo Futuro!" vai ser um chamado para que todos os cidadãos sabarenses façam uma consulta profunda às suas consciências. Pela meta audaciosa de reunir uma multidão de 100 mil pessoas que irá caminhar do Trevo da cidade até a Igreja da Matriz, no Centro Histórico, o movimento tem pela frente enorme desafio logístico, mas promete anunciar a data do evento para a imprensa nacional em breve.

No entanto, voluntários de todas as regiões - urbanas e rurais - do município estão sendo contactados e a organização da histórica marcha adianta que a adesão tem sido espetacular.

"Ao mostrarmos aos milhares de sabarenses alheios à política que o futuro chegou e não há mais tolerância à políticas feudais e arcaicas, junto das ideias novas de lideranças igualmente novas, estamos confiantes de que despertaremos a população para uma nova era de avanço em Sabará", assegurou FF.

©PRFactory / 348.MA&L"

terça-feira, junho 28, 2011

"Banquete da Velha Safada" comemora descaradamente 300 anos de atraso da Villa



“Status quo, na Villa, é e sempre será status!” Com essa intrigante frase impressa no exterior do envelope elegante o Sabarando recebeu hoje seu primeiro convite para as celebrações julianas da cidade.



Organizado pela ONG FDP, o “Banquete da Velha Safada – Sabará 300 Anos” vem gozando de divulgação intensa, mas na opinião do blog terá participação limitadíssima (até mesmo os convites são numerados, ora!).



Afinal, ao contrario do que pensam os FDPs, a janela está aberta. Segue abaixo fac-símile do pomposo convite recebido pelo blog como torresmo para os (muitos, esperamos) que ficarão de fora.



“CONVITE nº 69 – “Banquete da Velha Safada - Sabará 300 Anos”

É com regojizo que convidamos V. Sra. a juntar-se a nós da ONG FDP (Fantasmas do Passado) no “Banquete da Velha Safada - Sabará 300 Anos”, ocasião na qual celebramos com foguetório e cuscuz a continuidade da mesmice na Villa, força esta que nos mantêm vivos, fuertes e, ora, atualíssimos.

A comilança em estilo barroco-vulgar acontece no Cravo Vermelho aos 17 de Julho de 2011, uma sexta-feira 13. V. Sra. (e madame), obviamente trajando o esporte fino das traças, irão degugustar, dentre outras iguarias (como não poderia deixar de ser), Empadinhas Frias de Mais do Mesmo, Escondidinho de Opinião, Suflê de Apatia, Torta Vadia e Bobó de Povo, a serem servidos em buffet de tradicionalíssima prataria portuguesa importada do Burokratistão lá atrás, na época em que descobria-se, e não apenas encobriasse, ouro.





Na ocasião realizar-se-a rodada de aplausos infinitos aos Lumiares do continuismo, estes cidadãos e cidadoas que à boca pequena alimentam-nos diariamente e renovam nosso reinado, nós vorazes fantasmas do passado.
(N.B.: Devido a extensão da lista de Lumiares do continuismo, pede-se a gentileza de inscrever-se com antecedência se V. Sra. deseja receber também salva de aplaplausos infinitos mas não é membro da aristocracia – N.B. 2: Bezerros sedentos, diretorias e membros de associações lucrativas sem fins lucrativos, ONGs, capitães do mato, bicheiros, bandas (de rock dos anos 80, pagode e sertanejo) e pais de santo já estão naturalmente inclusos).

Somos eternamente (!) gratos às suas atuações e puritanismo nos campos politico, social e naturalmente sobrenatural, nos quais, ao refutarem veementemente a contaminação herética pelo novo, valendo-se das clássicas mumunhas barrocas e pagode, mantêm-nos vivos, nós reacionários, mofados fantasmas do passado.


Oh, que trabalho nos deu no passado o rame rame da decapitação de cabeças hereges. Hoje já não há mais hereges na Villa e ao espetacular feito será também erguido pomposo brinde! V. Sra e associados fazem trabalho exemplar amealhando a gente de hoje em torno de unanimidades dóceis, silentes e zelosas (quem diria sua velha safada, olha o Amém, nós tolos 2.0 aí ó!).

É preciso clarificar que nós fantasmas do passado somos ecléticos e sabemos que na Villa gente jovem quase nunca representa o novo e não é alérgica ao mofo e avançada putrefação de nosso ideário, nós, aristocratas fantasmas do passado. Portanto, V. Sra. ceiará junto de reaças de todas as idades, os quais juntar-se-ão a nós em brindes a falta de brio, de opinião e inovação.

Nessa gloriosa noite os Fantasmas do Passado aproveitam o ensejo (!) e lançam (com capa duríssima folhada a ouro) o manifesto “Opa! Que Venham Mais 300!”, no qual se faz apologia descarada da manutenção do determinismo cultural e da mesmice polítitica. O documento também clarifica de uma vez por todas que nós da ONG FDP opomo-nos veementemente a qualquer tentativa de exumar a lendária cabeça de burro enterrada debaixo da piscina infantil da Praça de Esportes (independente de pretensa exumação dar-se com finalidade sócio-política, afro-religiosa ou mesmo arqueológica).

P.S.: R.S.V.P.”

MAIS DO MESMO (Revisited)

De cara chata na parede,
Olha lá, é, é mesmo ele!

De posse de todos os canais,
fez, que fez, e olhaí!

Já é, para os anais

mais
um...
(publicado antes das eleições municipais de 2008 em homenagem a um ex-amigo que acabou não se elegendo, republicado agora dedicado a outro amigo que planeja aventurar-se pelas águas turvas da política municipal, mas a bordo de canoa mais furada que a vendida a Sir Richard Burton pelos avós dos embusteiros de hoje nesta mesma Villa).