De um lado, no Brasil, em Sabará, está você, com vontade que as coisas mudem. Muitos do seu grupo são pessoas preparadas, com capacidade de reconhecer todo o potencial de desenvolvimento da cidade, com visões definidas de como a mudança poderia acontecer.
Típica ave de rapina sabarense: Olhar vidrado no passado
Seu grupo é grande, mas ainda anônimo e disperso. É formado por trabalhadores variados, que veem o mundo, a cidade, a partir de experiências e éticas conquistadas e amadurecidas em suas carreiras, pelas quais batalham diariamente. E muitas de suas visões para a cidade foram formadas a partir de experiências dignas de trabalho, em meritocracias.
Mas seu grupo é completamente ignorante e analfabeto quando se trata de como a política local é operada.
Seu grupo desconhece o jogo partidário de proporcionalidade que exije estratégias complexas para a formação de grupos, que formam grupelhos, que amealham votos, que se convertem em cargos por todo o Executivo e Legislativo.
E por isso, seu grupo de brilhantes sabarenses continua idealista e não desaprende nunca a sonhar com uma cidade melhor. Seu grupo é o grupo do bem. Mas que não realiza esse potencial na prática.
"A vocação do político de carreira é fazer de cada solução um problema." - Woody Allen
Do outro lado, perpetuando a cidade que se desagarra do Brasil que avança, estão os políticos profissionais locais. Muitos deles abrem mão de suas idéias do que pode melhorar e evoluir por livre e espontâneo interesse.
E seguem sem visões claras de projetos de cidade que façam sentido. Sua especialidade é simplesmente obter o maior número possível de cargos públicos, através de eleições e articulações político-eleitorais.
Estratégia que por sua vez os permite criar e sustentar financeiramente as dezenas de grupelhos das mais diversas formas em TODAS as áreas, entidades sem fim algum que não a manutenção perpétua do grupo.
Por desdenhar a meritocracia, esse grupo naturalmente atrai os que preferem “vencer” na maciota, sem esforço. E eles chegam quase sem bagagem nenhuma, e vão se encostando, bocejando e empurrando a cidade com a barriga peluda.
Se os políticos locais são alheios ou ignorantes a projetos sinceros de cidade, por outro lado, são doutores no jogo político local. Seu projeto é o projeto de poder.
"Como se algum político, com exceção de meia dúzia de três ou quatro, representasse alguém, a não ser a si mesmo, a família e aderentes." - João Ubaldo Ribeiro
Projetos pessoais, executados com maestria estratégica e tática. Agora mesmo, bem antes das eleições, eles já estão operando, construindo e articulando as alianças que o seu grupo não entende. Esse é o grupo do mal. E o grupo do mal vai ganhar as eleições no ano que vem, ocupando toda a administração municipal. E seus sub-grupos irão garantir verbas que você sequer imagina que sua cidade concede para as atividades a que se dedicam...
O desafio, aqui como em todo o Brasil, é você entender que seu grupo não vai fazer omeletes sem quebrar ovos. Enquanto isso, enquanto o jogo político-partidário for jogado só por aves de rapina, a cidade permanece sua presa.
Enquanto vigorar o sistema estapafúrdio de eleições locais proporcionais, o jogo das legendas de aluguel vai se sobrepor sempre às vontades do seu grupo.
Sabará só muda quando o grupo do bem, o seu grupo, entender as regras do sistema político-partidário local. São elas que agora mesmo estão definindo os seus representantes e a cara que a sua cidade tem. A não ser que você esteja esperando o salvador da pátria, por enquanto, esse é o único caminho.
"O eleitor, obrigatoriamente, tem que ser qualificado. O candidato, não." - Max Nunes