sexta-feira, agosto 26, 2011

Concessão ao maniqueísmo: Abutres só largam osso se grupo do bem entender suas táticas de rapinagem



De um lado, no Brasil, em Sabará, está você, com vontade que as coisas mudem. Muitos do seu grupo são pessoas preparadas, com capacidade de reconhecer todo o potencial de desenvolvimento da cidade, com visões definidas de como a mudança poderia acontecer.


                     Típica ave de rapina sabarense: Olhar vidrado no passado



Seu grupo é grande, mas ainda anônimo e disperso. É formado por trabalhadores variados, que veem o mundo, a cidade, a partir de experiências e éticas conquistadas e amadurecidas em suas carreiras, pelas quais batalham diariamente. E muitas de suas visões para a cidade foram formadas a partir de experiências dignas de trabalho, em meritocracias.

Mas seu grupo é completamente ignorante e analfabeto quando se trata de como a política local é operada.

Seu grupo desconhece o jogo partidário de proporcionalidade que exije estratégias complexas para a formação de grupos, que formam grupelhos, que amealham votos, que se convertem em cargos por todo o Executivo e Legislativo.

E por isso, seu grupo de brilhantes sabarenses continua idealista e não desaprende nunca a sonhar com uma cidade melhor. Seu grupo é o grupo do bem. Mas que não realiza esse potencial na prática.


"A vocação do político de carreira é fazer de cada solução um problema." - Woody Allen


Do outro lado, perpetuando a cidade que se desagarra do Brasil que avança, estão os políticos profissionais locais. Muitos deles abrem mão de suas idéias do que pode melhorar e evoluir por livre e espontâneo interesse. 

E seguem sem visões claras de projetos de cidade que façam sentido. Sua especialidade é simplesmente obter o maior número possível de cargos públicos, através de eleições e articulações político-eleitorais.


Estratégia que por sua vez os permite criar e sustentar financeiramente as dezenas de grupelhos das mais diversas formas em TODAS as áreas, entidades sem fim algum que não a manutenção perpétua do grupo.  

Por desdenhar a meritocracia, esse grupo naturalmente atrai os que preferem “vencer” na maciota, sem esforço. E eles chegam quase sem bagagem nenhuma, e vão se encostando, bocejando e empurrando a cidade com a barriga peluda.

Se os políticos locais são alheios ou ignorantes a projetos sinceros de cidade, por outro lado, são doutores no jogo político local. Seu projeto é o projeto de poder.


"Como se algum político, com exceção de meia dúzia de três ou quatro, representasse alguém, a não ser a si mesmo, a família e aderentes." - João Ubaldo Ribeiro


Projetos pessoais, executados com maestria estratégica e tática. Agora mesmo, bem antes das eleições, eles já estão operando, construindo e articulando as alianças que o seu grupo não entende. Esse é o grupo do mal. E o grupo do mal vai ganhar as eleições no ano que vem, ocupando toda a administração municipal. E seus sub-grupos irão garantir verbas que você sequer imagina que sua cidade concede para as atividades a que se dedicam...

O desafio, aqui como em todo o Brasil, é você entender que seu grupo não vai fazer omeletes sem quebrar ovos. Enquanto isso, enquanto o jogo político-partidário for jogado só por aves de rapina, a cidade permanece sua presa.

Enquanto vigorar o sistema estapafúrdio de eleições locais proporcionais, o jogo das legendas de aluguel vai se sobrepor sempre às vontades do seu grupo.

Sabará só muda quando o grupo do bem, o seu grupo, entender as regras do sistema político-partidário local. São elas que agora mesmo estão definindo os seus representantes e a cara que a sua cidade tem. A não ser que você esteja esperando o salvador da pátria, por enquanto, esse é o único caminho.


"O eleitor, obrigatoriamente, tem que ser qualificado. O candidato, não." - Max Nunes

Um comentário:

ImManuel disse...

É a mais pura verdade. O candidato só é eleito porque o escolhemos.